quarta-feira, 6 de março de 2013

O significado do Amor


Soube em 25 de Setembro de 2012, pela aminocentese, que teria uma bebê com Síndrome de Down… Estava no quinto mês de gestação e desde então passei por momentos difíceis. A aceitação da síndrome foi rápida, porém sabia que a mesma poderia ser contemplada por uma série de problemas de saúde como cardiopatias, surdez, alterações ósseas, alterações visuais, dificuldade amamentar, entre outras. Meu coração apertou e todos os dias me deparava com a angústia do inesperado, do vazio e da dúvida. Cada dia da gestação foi vivido intensamente… Cada consulta médica, cada ultra-som obstétrico, cada ecografia, tudo virou um filme de terror. E, a cada exame um suspiro de alívio por estar normal. Quatro meses de espera intermináveis. Continuei minha rotina de trabalho normalmente. Procurei não pensar muito no assunto. Mas, de nada adiantou. Dormia, sonhava e acordava pensando na minha filha… Todos os dias, todos os minutos e todos os segundos. Fui atrás das informações com pais e profissionais. Li muito a respeito do assunto, pois queria estar preparada para a chegada dela. Fortaleci-me, mas tive muito medo. Medo do desconhecido, medo de não ser capaz…
Quatro de Fevereiro de 2013. Trinta e oito semanas de gestação. Me interno para o parto da pequena e tão sonhada Lorena. Saí de casa em lágrimas. Cheguei à maternidade e observava todas aquelas gestantes tranquilas e eu em pânico por dentro. Não sabia o que estava por vir… Continuavam os segundos de angústia… O tempo andou mais devagar para mim naquele dia.
Nove horas e dois minutos: chora pela primeira vez minha filha tão querida. A pediatra trouxe e a colocou colada em meu rosto. “Obrigada meu Deus”, eu dizia sem parar. E chorei. Chorei como nunca chorei em toda minha vida. Ela nasceu. Cuidarei e a amarei por toda a minha vida e eternidade. Perguntei ao meu marido: ela nasceu bem? E ele respondeu: ela é linda…
Meia noite. Volto para o quarto e assim que deito na cama entra o bercinho com a pequena… “Agora é a hora”, pensei angustiada. Pego Lorena no colo ainda meio sem jeito. Olho seu rostinho querendo achar as características da síndrome, mas não conseguia. Era tão perfeita. Tão maravilhosa. Minha filha. Que importa essa Síndrome de Down? Pus para mamar no peito e ela sugou no primeiro instante, sem algum problema. Amamentei minha pequena com um sorriso bobo no rosto. Passava a mão em seu rostinho e a mesma estava ali, tranquila. Que momento inesquecível. Tudo passou naquela hora. Minha angústia acabou. Estávamos lá, eu e minha filha, juntas e para sempre. Agora eu entendo o porque me disseram inúmeras vezes que eu iria me arrepender de ter chorado tantas vezes na gestação da pequena.Com ela no meu colo a realidade era uma só: a de amor infinito e eterno.Conversei e pedi desculpas por todas as lágrimas que derramei. Mais um sentimento maravilhoso: o de ser perdoada.
Lorena hoje está muito bem. Não tem problemas para amamentar e os exames realizados após o nascimento nada acusaram. O pediatra está bastante satisfeito com sua condição. Ela é maravilhosa e apaixonante. Para mim ela não tem absolutamente nada. É normal. Terá que ter mais estímulos para se desenvolver, porém para mim isso não é nada. Nada que o amor de mãe não supere. Hoje, se puder dar um conselho para pais que vivenciam a mesma situação que eu será: não deem lugar para a aflição no coração. Após o nascimento as emoções se acalmam e tudo se transforma. O amor inesgotável existe e para mim se chama: meus filhos.
Ivelise Giarolla é mãe da pequena Marina e de sua segunda princesa Lorena. É esposa, amiga, família, médica, mulher guerreira. Feliz.

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